WILSON ALLENDE
( CHILE )
Formado em Ciências. Dedica-se ao atletismo. Participa de HERA desde sua fundação.
HERA no. 10 – Direção: Roberval Pereyr / Paio Soares. Capa:
JurXI Dórea. Feira de Santana – Bahia: Gráfica Gravatá, 1978.
88 p. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
POEMA ALÉM DE MIM
Odeio-te, América —
com todo meu amoreódio
hei de arrancar teus olhos
teus dentes e dedos.
O proletário é um olho
enferrujado
na cara de Deus.
É um negro.
Eu profetizei tua morte, América.
E bem aventurados os que te esqueceram
e os que de ti já não lembram.
Tu, América homicida. Prostituta em tédio.
Comerás urânio.
E de urânio e foto
será o teu leito.
POEMA
É preciso estender a camisa
encharcada de suor
no caminho dos deuses.
É preciso deitar os braços
e expor ao sol
as cicatrizes.
É preciso despir as vestes
e correr pelas praças.
Mostrando ao povo os sinais de poder.
CONVITE
Queiramos ver na asa
que se move sob o céu
a força que a move.
Queiramos ver no braço
que se ergue para o adeus
a dor que que o eleva.
Queiramos ver no olho
que vislumbra os horizontes
o olho que ao olho vê.
Queiramos se no homem
o menino que há muito
só brincou com borboletas.
CANÇÃO
Desce o céu sobre o meu peito —
Deus é leve como plumas.
Ponho ele no meu colo
e lhe ensino a fazer chamas.
E Deus ri quando recito
um versículo da bíblia.
E chora como criança
se lhe ofereço um poema.
Pois é belo e mui flácido
o coração desse Deus
que me diz dolentemente:
filho, não há inferno;
nem céus.
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Página publicada em março de 2024.
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